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4/26/2005

Livro: Cabeça de Porco - MV Bill, Celso Athayde e Luiz Eduardo Soares - Livraria Cultura - 120x300



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Isto É / Data: 13/4/2005
Diálogo de classes

Rapper e antropólogo escrevem livro juntos para tentar entender as raízes da violência e buscar saídas para a degradação social
Francisco Alves Filho

Um pertence à classe média carioca, outro nasceu e mora na favela Cidade de Deus. Um atuou por muito tempo na coordenação da ação policial e foi secretário Nacional de Segurança no início do governo Lula, outro vive numa área dominada por traficantes, muitos deles seus conhecidos desde a infância. Um é antropólogo, outro é rapper. Um é branco, o outro é negro. Por essas referências, Luiz Eduardo Soares e MV Bill teriam bons motivos para estar em posições distantes, mas a vontade de entender e buscar soluções para a escalada de criminalidade que o tráfico de drogas patrocina em todo o Brasil uniu os dois e mais Celso Athayde, empresário de Bill e criador da Central Única de Favelas (Cufa), na produção do livro Cabeça de porco, lançado pela editora Objetiva. A obra tem duas vertentes. De um lado, revela os bastidores da pesquisa que MV Bill e Athayde fizeram em áreas dominadas pelo tráfico situadas em nove cidades brasileiras. A degradação, a violência dos traficantes e dos policiais, a carência e a busca por reconhecimento são traços comuns a todas elas. Conhecido pela militância no movimento hip hop e por suas letras que expõem de forma crua a realidade das favelas e dos guetos, MV Bill procura trazer à tona personagens que são ignorados pela sociedade: “Muitas vezes, a gente que mora nas comunidades carentes nem sequer é enxergado. Não conseguimos despertar nenhum tipo de sentimento, nem mesmo de desdém.” Na outra ramificação do livro, Soares apresenta pesquisas, depoimentos de envolvidos com a violência e acrescenta análises sobre a escalada da criminalidade. Mal lançou Cabeça de porco e ele já escreve um novo livro, que terá o título Elite da tropa, desta vez sobre a polícia. MV Bill e Soares mostram no livro e nesta entrevista que é possível unir a sociedade partida em busca de paz.

ISTOÉ – Como vocês se aproximaram?

MV Bill – Nosso encontro foi na época em que fiz o clipe Soldados do morro, que gerou polêmica. Luiz Eduardo foi um que defendeu o clipe, mesmo sem me conhecer. Vi que a distância geográfica não impedia a aproximação ideológica. Me surpreendi com a sua visão sobre a violência. O fato de ele ter sido subsecretário de Segurança do Rio de Janeiro nunca fez dele um inimigo, pelo menos para mim. Sempre quis que os chefes das polícias fossem parceiros da comunidade. Eles são a lei, o que deve ser considerado a segurança da sociedade. Se eles não entendem a vida das pessoas vira uma tragédia. Li uma entrevista do Luiz Eduardo e soube de tudo o que aconteceu na vida dele, o motivo de ele ter ido morar nos Estados Unidos (ameaças de morte em função de sua atuação no governo). Foi ali que a relação se estreitou.

Luiz Eduardo Soares – Quando estava fora do País, acompanhava pela internet tudo o que acontecia no Brasil. Em 1999, fiz questão de conhecer o Bill e o Celso. Aí surgiu este diálogo. No fim de 2002, tivemos a idéia de publicar um livro. Eles tinham um manancial riquíssimo de descrições e relatos de situações de violência que tinham testemunhado. Eu tinha reflexões e testemunhos de algumas situações.

ISTOÉ – Um dos pontos mais impressionantes do livro é a descrição de MV Bill e Athayde da experiência no ponto-de-venda de merla (droga feita de pasta de coca, ácido sulfúrico, querosene, cal e solução de bateria), em Brasília. Uma droga devastadora e pouco comentada.

MV Bill – Não sei se o livro consegue dar a dimensão exata do que é a merla, até porque o assunto dá outro livro. O estrago que a merla causa na vida das pessoas da região Centro-Oeste é algo que não tenho como comparar com as drogas que estou acostumado a ver no Rio, cocaína e maconha. Achava que o fim do mundo era o crack, mas quando vi o tipo de dependência e a morte precoce causada pela merla, para mim passou a ser o fim do mundo. As pessoas vendem qualquer coisa que têm por não conseguir ficar sem consumir. Aprendi que há lugares onde a violência é muito maior que no Rio, morrem muito mais pessoas. Mas não tem a mesma divulgação. O Rio tem mais mídia em tudo e na violência não é diferente. É muito mais estarrecedor um arrastão em Ipanema do que um arrastão numa praia do Maranhão.

Soares – Sem dúvida, a mídia cumpre papel fundamental. O livro mostra claramente que o tráfico se nacionalizou. Nas nove cidades descritas no nosso trabalho esse quadro aparece. A estrutura do problema é a mesma, sua dinâmica é igual, o jovem vivendo os mesmos dramas, as situações da polícia se reproduzindo. Mas do ponto de vista quantitativo há uma diferença. Rio, Recife e Vitória ainda são os campeões da competição mórbida do número de vítimas letais diretas ou indiretas do tráfico. Em Porto Alegre, o número de crimes letais é muito inferior, mas a gravidade do problema é igual e o número de homicídios talvez seja uma questão de tempo. Espero que não.

ISTOÉ – A classe média e a elite compreendem os motivos da escalada da criminalidade?

MV Bill – Acho que ainda não. A classe média está assustada com a violência que antes só atingia as comunidades carentes. É mais um problema que só passa a ser nacional quando atinge a elite. Enquanto não atingia, era problema dos outros. Só que os outros são brasileiros e são seres humanos. Muitas vezes sinto que o objetivo de algumas iniciativas assistenciais é fazer com que as pessoas continuem dentro do morro. Algo assim: “Fique no morro e não deixe o sangue de vocês respingar na gente aqui de baixo.” Claro que há pessoas bem-intencionadas, que querem de fato mudar as coisas, mas acho ruim a cultura da compaixão, a velha história de dar peixe e não ensinar a pescar. Há ONGs que atuam dentro de comunidades com a idéia de que vão tirar o jovem do crime. Alguns dizem que as oficinas de hip hop que a gente faz têm o objetivo de tirar os garotos do crime. Não é isso. Não estou aqui para disputar com o crime quem vai ficar com mais garotos. O hip hop e outras alternativas servem para testar a capacidade das pessoas.

Soares – A classe média ainda não entendeu o que acontece nas favelas. Avançamos bastante na compreensão destes fenômenos, mas não quero me apresentar como alguém que sabe e me dirigir à classe média que não sabe. Há uma situação que todos sabemos: vivemos ódio, medo, esperança. Mas todos nós desconhecemos como passar do estágio atual para a solução. Se eu soubesse, já teria realizado. A atitude típica da classe média e das elites é blindar o carro, levantar cercas. Está errado? Não. A pessoa está procurando se proteger e defender sua família, a gente deve compreender isso. Mas quando todas as atitudes mentais de uma pessoa passam a ser determinadas só por esse impulso de proteção, as consequências serão desastrosas para todos. Essa atitude levou a classe média, a elite e boa parte do povo ao apoio a políticas de endurecimento na polícia, à rejeição aos direitos humanos. O que isso produziu? Quando se dá liberdade ao policial para matar arbitrariamente, dá-se também a ele o poder de negociar a vida e a liberdade. Se tenho o poder de te matar, posso também não matar mediante o pagamento de determinado valor. A etapa atual é o acordo com os criminosos: divide-se o butim, a polícia terceiriza o risco, que vai ser corrido por quem transgride a lei, e o policial fica só com o rendimento. Cada um finge cumprir seu papel. Isso significa o envolvimento de segmentos policiais com o crime. O resultado é a degradação, a desmoralização da polícia, a brutalidade. O indivíduo apóia a polícia mais dura a fim de ter mais proteção, mas acaba tendo menos proteção para si.

ISTOÉ – A má distribuição de renda não é a principal causa da violência?

Soares – Esse assunto está inteiramente fora da pauta, na medida em que a ideologia predominante é a do mercado e do liberalismo individualista. Até mesmo os bem-intencionados acreditam que tudo passou a ser irrealismo, sonho ingênuo, então acreditam que devem ser realistas e pensar em termos de mercado. Antes disso há o ingrediente do acesso à informação. Mesmo sem ter acesso à renda, se a garotada tivesse acesso à informação e à educação de alto nível, poderia se tornar capaz de brigar por essa remuneração e por uma verdadeira mudança social. Se pelo menos isso fosse feito, chegaríamos mais perto de uma boa distribuição. Educação no sentido mais pleno, de qualidade, é uma reivindicação fundamental. O Brasil está universalizando a educação, mas não dá qualidade.

MV Bill – Mais do que a classe média dividir seu próprio salário, o importante seria investir em instrumentos que formam novos cidadãos: educação e informação. Há o mito de que o jovem que ingressa no tráfico vai ganhar muito dinheiro, ganhar por semana o que o pai não consegue de salário em dois meses. Tudo mentira. O estado de miserabilidade nas comunidades é tão grande que não há como um garoto desses ganhar R$ 1 mil ou R$ 3 mil. Por R$ 10 já tem alguém disposto a fazer algo no tráfico. Nessa pesquisa, conheci gente que não posso nem chamar de traficante. Gente que venderia qualquer coisa para sobreviver, inclusive drogas. Vendem maconha ou cocaína porque é o que têm para vender, mas se derem para ele botijão de gás ele vende também. Com boa educação, criaríamos novas mentalidades, perspectivas, referências. Hoje não há referências. Não adianta discurso bonito na tevê, em livros, revistas. O espelho dos jovens que estão nas comunidades é o que está mais próximo, e o que está mais próximo não é o melhor exemplo.

ISTOÉ – Qual é o ponto prioritário para mudar essa situação?

Soares – O problema é complexo e não se pode resolver com um só fator, mas, se fosse para destacar um, escolheria a valorização da auto-estima do jovem. Nós não nos damos conta de que, além dos problemas materiais, há algo acontecendo conosco internamente. Quem não tem alternativa faz o que pode para sobreviver. Não é necessário sociologia para explicar isso, mas e a crueldade? A gente vê na polícia, mas também na rapaziada das comunidades carentes, uma crescente manifestação de crueldade. O que está se perdendo, o que está em jogo aí? Não é renda. É alguma coisa na formação da subjetividade. Alguma coisa muito grave pode estar sendo gestada. A pessoa se sentir invisível para o resto da sociedade é uma experiência devastadora. A partir de um certo momento, você próprio passa a duvidar de sua existência.

MV Bill – Eu não consigo distinguir uma prioridade. Acho que a proposta do Luiz Eduardo é importante. É um bom caminho começar com a recuperação da auto-estima dos jovens, mas me sentiria injusto com outros fatores que acho fundamentais. Talvez destacasse a humanização, que passa pela auto-estima, educação, informação, divisão das coisas. A renda é importante. Mas dinheiro é poder, e poder ninguém quer dividir. As pessoas dividem direitos, respeito. Poder ninguém vai dar. E, dependendo da forma como der, poderá causar mais problemas. Não pode chegar e distribuir R$ 50 mil para o povo da Rocinha. Trabalhando com auto-estima, oportunidades e educação, começaríamos a criar novos cidadãos nas comunidades e as pessoas iriam buscar as coisas com suas próprias pernas. O ideal seria que as pessoas ganhassem seu dinheiro de forma honesta, sem dever nada para ninguém. Não pode aparecer um sujeito e dizer: “Eu sou responsável por esse cara ter se tornado um ator, eu descobri o dom daquele outro de compor músicas.” A pessoa ficaria com saldo devedor para o resto da vida. As pessoas com quem conversei na pesquisa parecem sempre culpadas, agem como se tivessem nascido com uma dívida. Construir o caminho da auto-suficiência é a melhor opção.

ISTOÉ – Depois de passar pelo governo do Rio, pelo governo federal e pelo governo de Porto Alegre, Luiz Eduardo mantém algum projeto político?

Soares – Não. Abandonei inteiramente a política. Vivi decepções que estão de bom tamanho para uma vida. Deixei de acreditar que posso contribuir através da política. Sou doutor em ciências políticas, mas compreendi o que o cidadão comum já tinha compreendido muito antes e a minha ciência me impedia: o péssimo conceito que as pessoas têm da política corresponde à realidade. Fui estudar no Exterior, escrevi livros, passei por cargos, para chegar à conclusão de que o velhinho que reclama dos políticos na fila do banco, e que eu achava tão ingênuo, tem toda a razão. Não pretendo mais trabalhar como executivo. A política passou a ser um jogo que só reproduz estratégias de poder, esvaziadas de sentido. Tudo é orientado para isso. Mesmo que você esteja desempenhando um trabalho importante, se estiver atrapalhando alguém que tenha um projeto de poder, vai ser liquidado. Ao contrário, se um gesto muito negativo para a sociedade é útil para a manutenção do poder, faz-se isso. Agora caíram todas as máscaras.

ISTOÉ – Refere-se ao governo do PT?

Soares – Certamente.

4/19/2005

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